Quando você ouve falar em máfia, o que te lembra? Homens vestidos de ternos risca de giz com chapéus panamás? Provavelmente… E quando falo sobre Máfia Italiana? Com certeza, você se recorda um dos filmes mais pomposos sobre o assunto que é O Poderoso Chefão (1972, dirigido por Francis Ford Coppola), cujo patriarca da família, Don Vito Corleone, interpretado magistralmente por Marlon Brandon, dirige seus negócios com punhos de ferro com sua família. Pois é, o cinema foi o local que mais nos ajudou a entrar nesse ambiente: famílias reunidas, com homens discutindo os próximos passos para “arrebentar” com os oponentes. Macarrão, vinho e pompa! Muita pompa! No cinema encontramos três grandes diretores que mais retrataram sobre a máfia italiana que são: Brian de Palma, Martin Scorsese e Francis Ford Copolla. Este último foi o responsável pela trilogia mais bem-sucedida O Poderoso Chefão, como já mencionei, anteriormente. Neles trabalham outras três figurinhas carimbadas: Marlon Brandon, Robert de Niro e Al Pacino. Não é raro, encontrar esses dois últimos em papéis marcantes como mafiosos. Pacino fez Scarface, Pagamento Final e todos da franquia O Poderoso Chefão. Porém, se é para indicar um ator que fez o cara que mais tenho empatia na área mafiosa, aponto para De Niro. E por quê? Ele interpretou nada mais, nada menos que o mafioso que povoa nosso imaginário quando se fala na Máfia Italiana: Al Capone.
Se você olhar com ar romântico, Capone foi o cara mais extraordinário entre os mafiosos. Isso porque, ele simplesmente mandou e desmandou em Chicago durante a Lei Seca, e só foi pego por… Sonegação de Impostos! E se olhar de forma mais cortante, podemos ver que ele seria o protótipo do novo rico. Isso porque Capone veio de uma origem humilde, mas enriqueceu de tal maneira, que vivia do bom e do melhor.
No filme Os Intocáveis, 19887, dirigido por Brian de Palma, há uma cena emblemática em que Capone está reunido com vários homens em volta de uma mesa ornada de forma requintada. E tudo é exagerado, inclusive a opulência dos corpos de seus companheiros. Ele começa com o seguinte discurso: “Um homem quando fica importante, se espera que ele tenha vários entusiasmos… Entusiasmos. E quais os são os meus?” – pergunta ele. Os companheiros apostam em mulheres, bebidas. Ele nega todos e confessa: “Beisebol!”, enquanto pega um dos instrumentos do esporte, que aparentemente não tinha ofensivo ou letal: um taco. E discursa com maestria que lhe era própria sobre a necessidade de um homem trabalhar com toda uma equipe a fim de que ela vença. E ele anda de lá para cá, cá para lá. E você que já está acostumado a filmes assim, sabe que não irá terminar bem. Em determinado momento, ele reforça mais uma vez o trabalho em equipe. E um “pobre” homem repete junto com bando: “Trabalho de equipe”. Rá, nem se passa alguns segundo e Capone desce com tudo o taco de beisebol na cabeça do homem. E a cena seguinte, a meu ver, é uma das mais poéticas, emblemáticas e assustadoras, quando se fala de máfia (tirando a famosa cena da cabeça de cavalo, que foi encontrada na cama de um dos filhos de Corleone): o sangue escorrendo do crânio do homem golpeado, tingindo a toalha completamente branca, enquanto os companheiros de Al ficam estarrecidos e o nosso (verdadeiro) poderoso chefão com uma cara: “Quem pisar na bola comigo, será o próximo!”.
E em homenagem a ele, aos mafiosos do cinema e aos que vivem em nossos imaginários que preparamos essa receita, que tem um quê de uma Itália sulista, mais precisamente Calábria e Sicília, locais que foram berços dessas organizações ditas como criminosas, mas que têm seu charme.
Spaghetti alle Vongole
Espaguete com vôngole
Rendimento: 6 pessoas
Preparo: 40 minutos
Cozimento: 30 minutos
Ingredientes:
• 500 g de espaguete
• 1 kg de vôngole
• 600 g de molho fino de tomate
• 100 ml de azeite
• 2 ou 3 de alhos descascados
• Salsinha picada
• Sal e pimenta-do-reino moída na hora
Preparo:
Lave bem os vôngoles debaixo da torneira. Coloque numa frigideira com 100 ml de água e um fio de azeite e deixe ferver até que as conchas se abram (descarte as que não abrirem, sinal de que estão ruins). Retire os vôngoles com a escumadeira. Coe o caldo do cozimento em filtro de papel para eliminar qualquer grão de areia. Deixe esfriar.
Limpe a frigideira com um pouco de água e regue com a metade do azeite. Aqueça e doure o alho, depois regue com o molho de tomate, coloque uma pitada de sal e a água de cozimento do vôngole. Deixe no fogo baixo até o molho engrossar.
Enquanto isso, cozinhe o espaguete al dente.
Reserve um quarto do vôngole para a decoração final. Retire a concha dos outros, deixando só o miolo. Coloque o vôngole no molho e salpique com salsinha. Escorra o macarrão e transfira-o para uma panela com o molho, o restante do azeite e um pouco da água do cozimento. Sirva bem quente com mais salsinha, pimenta-do-reino moída na hora. Decore com vôngole com concha.
Variações
Este prato é excelente sem tomate, apenas com o caldo do vôngole reduzido com alho, azeite, pimenta calabresa e salsinha. O vôngole pode ser substituído por mexilhões.
Avaliação da Receita: Nessa receita usei os mexilhões. Quanto ao alho, abuse e os corte em rodelinhas. Eles que dão o gosto ao molho. Aliás, o molho usado na receita foi da Marcella Hazan (a receita você encontra neste blog). O molho de Marcella + os alhos + mexilhões foi uma combinação mais que perfeita. Abuse do azeite porque ele que dá a liga entre o molho e o macarrão. Assim como água de cozimento dos mexilhões. Parece uma bobagem, mas ele carrega aquela assinatura de frutos do mar ao prato.
Larousse Cozinha Italiana
Autor: Larousse Editorial
Editora: Larousse do Brasil
ISBN: 8576351854
ISBN-13: 9788576351856
Sophia Gemma: de família italiana, apreciadora de filmes de máfia. Apesar de não trabalhar com o crime (atuo na área de livros infantis), sei que há uma lenda dentro da minha família: a existência de gângster.